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Os lobos que alimentamos

13 de junho, 2020 - por Max Franco

Três meses de isolamento. Já são – só no Brasil – mais de 50 mil vidas ceifadas. Empresas, milhares de portas fechadas. Empregos, milhões evaporando como gotas de chuvas na calçada. Prejuízos e mais prejuízos para todos os lados. E sempre me impressiona como alguns ainda insistem em manter um discurso de “desenvolvimento”, “performance”,
“Cresça na crise”, “desempenho aos 100%”… Isso não é pensamento positivo, é uma fase reativa denominada pela psicologia de “negação”. Será que ainda não entendemos que não é época de fomentar esses comportamentos? O momento atual é de luto e reflexão. Precisa-se encarar a dura realidade sem esmorecer, mas também sem nos enganar. Sem maquiar os monstros que nos acossam. Sem exigir de nós o que não podemos entregar. A fase é de potencializar antigos valores que andam meio em baixa. De engrandecer a empatia, o sentimento de coletividade e comunidade. Estamos – todos – vulneráveis e precisamos nos cuidar. Precisamos, principalmente, assimilar os golpes que levamos e conter os mil danos. Não é momento de lucros nem de ganhos, mas de lágrimas e abraços, nem que sejam abraços virtuais.

E, para piorar, os discursos estão, cada vez, mais preocupantes nesse grave 2020.

As narrativas encaminham para polarizações ainda mais sérias.

Como será o amanhã? Como será amanhã? Quais feras alimentamos com os nossos discursos?