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Granada – dia 2

15 de novembro, 2021 - por Max Franco

Granada – Dia 2
Domingão em Granada. O que fazer? Que tal pegar uma praia? Só se tiver a fim de pegar estrada e rodar por algumas horas. Poderia valer a pena se não estivesse fazendo 11 graus. Para europeus, 11 graus pode ser mixaria. Para nós, cearenses da Parangaba, 11 graus é era do gelo. Vamos, então, para o Miradouro de San Nicolas. Antes, para a Catedral de Granada. Linda. Imponente. Renascentista. Guarda os restos mortais de ninguém mais, ninguém menos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Isso mesmo: os célebres reis católicos. Aqueles que conseguiram fazer a “retomada” da Espanha das mãos dos mouros, depois de mais de 1000 anos de ocupação muçulmana. Os reis da unificação da península ibérica. Os reis que bancaram Colombo e a porra toda. Os fodões.
Saímos da Catedral e subimos para Albaicin, um bairro-município repleto de lojinhas com estética mourisca, todas projetadas para extorquir turistas desavisados. Fomos prontamente extorquidos e, degraçadamente, tive que subir e descer o morro com um saco pesado no braço. Coisa de gente burra, sem experiência, e mais burra ainda porque tenho.
Mas estava feliz com a filha a tiracolo e gente feliz faz burrices tradicionalmente.
Fomos contemplar o por do sol e o esplendoroso palácio de Alhambra, uma joia da arquitetura moura em terras espanholas. Não decepcionou. No miradouro, turistas se apinhavam para assistir aos espetáculos da natureza e da engenho humano. Uma bela composição.
Quando anoiteceu, partimos para casa. Ao todo, caminhamos 12 km. Minha perna reclamava porque estirei um maldito músculo no futebol de terça-feira. Algo me dizia – antes – que eu deveria renunciar o velho racha. Não escutei meus instintos. Sou bom nisso. Quem me conhece sabe que sou mestre em rejeitar os avisos que eu mesmo me faço (e os alheios também!). Coisa de gente impulsiva e que odeia hierarquias de todo tipo. Inclusive, muitas vezes, da razão. Coisa de gente que flerta com a anarquia desde cedo. Coisa de gente de 51 anos, mas que se esquece amiúde que tem 51 anos.
Granada é uma cidade que merece mais do que uma visita. Inclusive, há quem cogite a etimologia do seu nome.
Há três teorias para a sua origem: tanto pode ter origem no árabe Gar-anat (colina de peregrinos), como do latim granatum (romã ou, em espanhol, granada). Há também uma lenda antiga que atribui a origem do nome a uma filha de Noé de nome Grana.
Como é comum nas cidades mais sofisticadas da Europa, Granada consegue harmonizar o velho e o novo com maestria. Há sempre muita gente jovem em todo canto, afinal é uma cidade de estudantes em virtude da prestigiosa Universidade de Granada, na qual estuda a minha filha. O transporte público e segurança são de trazer lágrimas aos olhos de qualquer brasileiro.
Estava feliz antes pelo fato de ter a minha filha estudando em Granada, agora, estou mais ainda. Agora vejo que esta cidade está à altura da Ingrid. Ela não mereceria menos.
Por fim, fomos para casa comer uns hambúrgueres com cerveja Alhambra. Só para manter a tradição.
Até amanhã com mais histórias.