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Os melhores pensamentos

03 de junho, 2022 - por Max Franco

As redes sociais são as mais estranhas praças do planeta. Nas redes, nos encontramos com estranhos, colegas, amigos, parentes, vizinhos, afetos e desafetos. Nas redes, há uma espécie de jogo de gato-e-rato: vemos e não somos vistos, somos vistos mas nem sabemos, não somos vistos e ignoramos. Nas redes, vemos quem não mais vemos e aqueles que vemos frequentemente. Também vemos até quem não mais queremos ver e quem não nos quer ver.
Muitos jamais saberão, mas há dessas pessoas, as quais, mesmo sem vê-las há séculos, vejo-as com as melhores memórias e todo carinho que as boas memórias podem nos trazer. Vejo-as e torço por elas, me alegro com suas vitórias, sofro suas perdas, desejo-lhes o melhores momentos. Esses sujeitos nem sequer sabem, depois de tanto tempo, que permanecem tão bem posicionados nas prateleiras dos meus pensamentos e que tenho por eles sentimentos tão bonitos. Mas os tenho. É bem possível que tais manifestações não sejam recíprocas, porém não importa, porque eu sei como foi o passado e foi, muitas vezes, belo e legítimo.
A maior homenagem que podemos fazer às pessoas que queremos bem é tratá-las com apreço.
Contudo, na ausência dessa possibilidade, a maior homenagem é pensar nelas com estima e – quem sabe – com saudade.
Saudade pode ser querer de volta o que passou, mas também pode ser apenas dar importância e honrar os momentos vividos que foram especiais.
Deveríamos ser mais sinceros e imediatistas com aqueles que nos são caros e lhes dizer que são muito caros, que tiveram relevância, que os levaremos conosco, de alguma forma, nem que seja guardados numa lembrança querida. Mas não dizemos, nunca, ou quase nunca.
As pessoas passam na nossa frente todos os dias, dezenas, centenas delas… Muitas não trazem suspiros de satisfação, porque foram coadjuvantes na nossa vida. Outras, nem sequer figurantes. Outras chamamos de amigos e amigas. Outras marcaram nossos dias com ferro e fogo.
Muitas se foram. Cruzaram a praça, viraram a esquina para nunca mais.
Entretanto, há sempre aquelas que, mesmo tendo partido, ainda permanecem. Gente com a qual conversamos mesmo sem falar, há anos, rimos das piadas que fizeram, nem fizeram, e hoje, silenciosamente, lhes fazemos as maiores confissões. Porque há gente que foi sem ter ido. E gente que fica sem estar.
A Vida é troço confuso.
Talvez um dia eu aprenda a lidar com tudo que a vida traz.
E com o com que leva.
Mas deverá ser tarde demais.
 
Fazemos nossa história e nos deitamos nela.