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Humildade, humanidade

28 de março, 2021 - por Max Franco

Situações críticas como as atuais servem nos lembrar que a Natureza não vive no planeta dos homens.
Somos nós que vivemos no planeta dela.
Afinal, a Natureza estava antes, muito antes de nós.
Não precisa de nós.
Estará depois.
Somos nós que deveríamos pedir licença à Natureza para nos permitir viver por aqui, e não o contrário.
Somos nós que deveríamos conviver da melhor forma possível com ela, luvas de pelica, ponta dos pés.
Somos nós que deveríamos respeitá-la com subserviência, em vez de arrogância.
Nós somos a caspa que se instala nos ombros da Natureza. Se Ela quisesse se livrar de nós, bastaria um cataclismazinho de nada para nos espanar para fora deste planetinha sem chance de volta, como ocorreu, por exemplo, com os dinossauros.
Não precisa nem de terremotos ou tsunamis. Nada tão barulhento e hollywoodiano. Bastaria um vírus mais agressivo. Bastaria um espirro.
Foi um iceberg que afundou o mais robusto exemplo de tecnologia da sua época.
No dia 26 de dezembro de 2004,  um terremoto de magnitude 9.1 na escala Richter, na costa da Indonésia, gerou um tsunami que afetou 13 países da região, desabrigou mais de 1,8 milhão de pessoas, gerou um prejuízo estimado em US$ 10,7 bilhões e matou perto de 250 mil pessoas.
Em janeiro de 2010, um terremoto de grau 7 na Escala Richter atingiu o Haiti. O abalo destruiu completamente a capital Porto Príncipe e deixou mais de 250 mil mortos, com 1,5 milhão de pessoas desabrigadas. O país ainda tenta se recuperar do desastre.
Um ciclone com ventos acima dos 200 km/h ocorreu na Índia em novembro de 1970 e foi o maior e mais mortífero ciclone já registrado na história. Estima-se que 500 mil pessoas tenham morrido na catástrofe.
Nada comparável, por exemplo, com o que ocorreu em 1931, na Chin com a inundação do rio Huang He (Amarelo), durante os meses de julho e novembro. Esse desastre passou dos 4 milhões de óbitos.
Resumo da ópera: somos nós que deveríamos entender que ela, a Natureza, se quisesse, se desse na sua telha, se livraria de nós com um estalar de dedos.
Somos nós que deveríamos aprender.
A Natureza já sabe faz milhões de anos.
Humildade, humanidade!