https://www.maxfranco.com.br/artigos/o-mundo-pos-corona/

O mundo pós-corona

29 de março, 2020 - por Max Franco

Ainda estamos demasiadamente dentro do furacão para sabermos quais serão os resultados  dos estragos quando ele passar,  entretanto a história deixa uma certeza: o planeta será um lugar diferente após a passagem desse enorme tornado.

No passado, a ocorrência de pandemias redefiniu as estruturas urbanas e, principalmente, estimulou mudanças de comportamentos que perduram até hoje e ainda vão perdurar. Até o século XIX, por exemplo, não existia o hábito diário do banho nem mesmo o de lavar as mãos. A peste bubônica redesenhou as relações de trabalho e abriu as portas para o Renascimento. A gripe espanhola, por sua vez, mudou protocolos de saúde e transformou os sistemas de saúde em todo o mundo. A pergunta que cai como uma luva hoje é “quais mudanças a covid 19 precipitará?”

Segundo especialistas, a crise do corona vírus deverá gerar transformações culturais e práticas, como o reposicionamento do papel do Estado, com o intuito de salvar as economias destruídas, a valorização de sistemas públicos de saúde e mudanças profundas no regime de trabalho, com o aumento do home office.

O mundo pós-pandêmico deverá trabalhar globalmente quando se trata de questões que, cada vez mais, tocam e interessam a todos os países, como, por exemplo, estimular uma maior cooperação científica internacional.

É o que defende um dos intelectuais mais influentes dos novos tempos, Yuval Noah Harari, no seu “21 lições para o século XXI”.

Neste livro, Harari retoma o que já havia tratado em Homo Deus e no Sapiens,  seu maior best seller. Uma das maiores contribuições de Harari é demonstrar a diferença entre inteligência e consciência, uma questão que está na ordem do dia nesse século em que a inteligência artificial será uma das maiores pautas.

Outra questão fundamental tem a ver com as “novas” tendências políticas, uma espécie de “new yesterday” como se demonstra por fenômenos como o brexit, Trump e Bolsonaro. Um retorno às narrativas ufanistas e ultranacionalistas dos meados do século XX.

Para Harari, não há soluções locais para problemas globais. Portanto, questões como o terrorismo, as imigrações, o crescimento da robotização e, por isso, o desaparecimento do emprego, como enxergamos hoje, são alguns desses problemas que nos afetam globalmente.

A crise do corona vírus é mais um desses problemas que não respeita fronteiras e, como tal, deve ser encarado de forma global.