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A escola online

25 de março, 2020 - por Max Franco

O século XXI está aí já faz alguns anos e com ele inúmeras invenções tecnológicas que mudaram as práticas de boa parte da população mundial, entretanto a Educação ainda aparece como um dos poucos bastiões de conservadorismo que ainda vigoram na nossa sociedade.

O que soa mais estranho nesse retrato é que, a rigor, deveriam ser justamente os educadores aqueles mais antenados com as vanguardas e tendências da Educação. É um paradoxo, portanto, que seja essa classe, uma categoria que geralmente tem mais acesso à leitura e à informação, uma das mais retrógradas quando se fala de modernidades.

É o que estamos acompanhando exatamente nesse momento crítico que estamos atravessando nesses “idos de março” de 2021. As aulas estão suspensas e estudantes do Brasil inteiro se encontram nas respectivas casas. Esse quadro representa uma situação não só inédita, mas bastante complexa.

Apesar da insistência de alguma “autoridade” no retorno dos alunos à escola, é um consenso quase em todo o país que essa atitude seria por demais temerária e um risco, não só para as próprias crianças e jovens, mas, principalmente, para os seus familiares que lhes aguardam nas suas casas.

O que fazer então com esses estudantes? Antecipar as suas férias? E se o vírus se demorar mais ainda pelas terras tupiniquins? Cancelar o ano letivo? Seria uma lástima prejudicar os estudantes de todo o país. Enviar atividades, exercícios e vídeos de aulas gravadas por professores? É um bom começo, mas não dá conta de tudo porque não se permite, nesses casos, uma interação proveitosa entre alunos e professores.

Então qual seria a solução já que a aula presencial é impossível por enquanto?

– Que tal a aula on line?

O problema é que algumas instituições de ensino apresentam um diagnóstico parecido com as do contágio do covid 19 quando se fala dessa opção. Motivo? Simples: muitos professores ainda não sabem manusear as ferramentas tecnológicas que favorecem essa interação cibernética.

Pesa sobre os educadores e escolas, portanto, um diagnóstico grave. A maioria não se atualizou, não estudou não se preparou, não para o futuro, mas para o presente que chegou faz tempo. As metodologias ativas não são novidade faz tempo. Muitos já ouviram falar de ensino híbrido e de sala invertida, mas diversas instituições e profissionais não fizeram nem a tarefa de casa nem a de classe. Ficaram na mesma e insistiram na mesmice.

No Instituto Brasileiro de Formação de Educadores agimos diferente. O IBFE disponibiliza cursos de especialização em Educação em diversas cidades do país. Nossos cursos, é bom salientar, são de natureza presencial, contudo, excepcionalmente, estão sendo oferecidos, em virtude do confinamento forçado pela crise do corona vírus, de forma remota fazendo uso do hangout. 

Foi justamente o curso de Metodologias ativas que, não só deu start a esse processo, mas também forneceu o treinamento (também online) para os professores dos cursos de pós-graduação. Na sequência, as aulas deram início gerando um resultado de satisfação generalizada. O EAD funciona. A ferramenta é eficiente. A questão é sempre o “como” se faz. Por isso, há tantos cursos EAD execráveis e outros exitosos.

Por que a mesma metodologia não funcionaria também nas atividades da escola básica? As escolas bem que poderiam enviar material, conteúdos, tarefas para casa, como também, poderiam ministrar aulas diariamente de modo online? Há plataformas para isso, como o Google Education e o Hangout.

Resposta: porque as escolas são engessadas! São tão tradicionais que morrem de inanição, mas não se mexem. Não saem da zona de conforto mesmo quando é desconfortável.

Os alunos, por sinal, são aqueles que mais têm aderência a essas ferramentas.

Os pais amariam a possibilidade de ocupar seus filhos e, claro, apreciariam deveras que eles não tivessem prejuízos pedagógicos durante esse período de quarentena.

O que falta então para que essas aulas virtuais interativas ocorram?

A resposta é óbvia. Se não há resistência dos estudantes nem dos pais, onde devemos centralizar a ação? É claro, na escola e nas demais instituições de ensino. Essas precisam promover a formação dos seus profissionais. Os professores, por sua vez, também precisam investir em atualização e não só esperar que as instituições o façam por eles. A verdade é que todo profissional precisa continuar se aprimorando e, por isso, estudando.

Não há motivos para que quaisquer casas de Educação não continuem trabalhando e, principalmente, ministrando aulas, inclusive, de Educação Física. O que é necessário, urgentemente, é que haja dedicação e diligência para sairmos das prateleiras puídas e repletas  de teias de aranha das mesmices e ousarmos trilhar novas estradas.