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La la land e o paraíso

15 de janeiro, 2017 - por Max Franco

La La Land  e o Paraíso

 

Renato, o Russo da Legião, dizia na sua música “Vamos fazer um filme”:

Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta

E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia…”

Este fragmento cairia muito bem para conceituar o musical que é a nova sensação da 7ª Arte. Engraçado perceber que a grande novidade só não é mais velho do que o cinema mudo ou o expressionismo alemão. O retrô veio mesmo para ficar, e ainda bem. Afinal, não sou mais acometido de juventude e, caso não saia do elenco nos próximos anos, não tardará para ganhar também este apelido de velho. Espero, portanto,que velho realmente se firme como o que há de mais cool  por todas as latitudes do planeta.

Seria talvez difícil de explicar para as juventudes posteriores que a minha geração tenha assistido a tantos musicais. Eles desconhecem o que acúmulos de sessão da tarde nos anos 80 podem lhe fazer. Também seria  complicado lhes fazer entender que, décadas atrás, ou os atores e atrizes dançavam, atuavam e cantavam prodigiosamente ou não haveria espaço para eles em Hollywood.Hoje, mal precisam falar. Era uma época na qual brilhavam Gene Kelly, Fred Astaire, Debbie Reynolds e Julie Andrews. Uma fase do cinema americano também chamado de a “Era de ouro”.

O desavisado que for ao cinema para conferir “La la Land” – a não ser que seja um sujeito bastante mau humorado – irá curtir a película. No entanto, aqueles dotados de mais anos na carteira de identidade, certamente, irão gostar mais ainda. Justamente, porque terão maiores referências e vão matar saudades que nem sabiam que tinham. Saudade de quê? Da inocência pura e simples, da diversão sem compromissos, da felicidade sem filosofias.

La La land é a nova produção de Damien Chazelle, o mesmo que surpreendeu recentemente com o excelente Wiplash, em busca perfeição. Damien dirige e também assina o roteiro. Na verdade, La La land era um projeto engavetado que foi retomado depois do sucesso de Wiplash. A ousadia caiu muito bem novamente, porque La La Land é uma obra-prima. Um filme com ares de passado glorioso, músicas empolgantes e um par com uma química excepcional. Ryan Gosling e Emma Stone se apaixonam e nos apaixonam por eles. Leve um lenço, vá por mim.

Como Hollywood adora se ver, o resultado do Globo de Ouro não poderia ter sido diferente. Uma goleada? Alguma pista para o Oscar de melhor filme? Vai entrar nas casas de apostas? Tenho uma dica…

Damian não só faz uma ode à nostalgia em La La Land. De fato, ele pode ter ressuscitado o gênero. Afinal, quem não gosta do paraíso?