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O Outro

04 de junho, 2018 - por Max Franco

Acabou o problema.
Porque o problema só existe quando não se sabe quem é o culpado.
A doença tem diagnóstico e tratamento.
Acabou todo o problema.
O culpado está ali, olha. 
É ele que sonega a grana.
É ele que discrimina o negro.
É ele que maltrata mulher.
É ele que suja a calçada.
É ele que não sabe dirigir.
É ele que destrata as pessoas, dissemina fofocas, se acha melhor.
É ele que vota errado, é alienado, não tem informação.
É ele o preconceituoso, o agressor, o patético-equivocado.
Ele, o não-esclarecido, o limitado, o descrente.
Ele que dança mal e canta pior ainda.
Ele que rouba, que mata, que atirou o pau no gato.
Ele que não tem empatia, não pensa nos outros nem em mim.
Ele que cheira mal, veste-se mau e, ainda, é feio.
Ele que é egocêntrico, egoísta e intolerante.
Ele que peca porque não pensa nem age da forma correta.
Ele que não sou eu.
Eu – sim – que sou inoxidável e cristalino.
Eu que sei quem é o culpado de tudo, de todos.
Sabe como ele se chama?
(Concorde comigo e tudo está resolvido!)
É aquele sujeito do outro lado da rua. Aquele que não sou eu.
Ele se chama Outro.
Pegue as suas pedras, saque as suas armas, tudo vai ser resolvido!

Definições atuais:

– Teimoso: sujeito que não concorda comigo;
– Egoísta: indivíduo que não pensa em mim;
– Egocêntrico: pessoa que não me coloca no centro;
– Bom-gosto: o meu.
– Equivocado: todo e qualquer cidadão que não seja eu.