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Histórias amadas

27 de setembro, 2017 - por Max Franco

Por que gostamos tanto de histórias?
Segundo o pesquisador e mitólogo Joseph Campbell, as histórias fazem parte de um legado antigo, que passa de geração a geração, deixando marcas profundas na mente humana. É o que Jung apelidou de “Arquétipo”, uma marca que faz parte do nosso inconsciente coletivo.
O fato é que todo ser humano ama histórias e, geralmente, ama certa sequência típica de história. É o que Campbell chamava de “Jornada do Herói”.

A jornada do herói, identificada por Campbell nos seus livros, foi aplicada de forma proposital num filme que virou um clássico, influente até nos tempos atuais: Guerra nas estrelas. Depois do sucesso estrondoso do filme de George Lukas, muitos outros roteiros fizeram uso desta “fórmula”, deste modelo de roteiro que virou, praticamente, regra de tão onipresente.
Muitos livros, filmes e séries célebres são feitos, atualmente, a partir das descobertas de Campbell. Muitos dos heróis que amamos são facilmente identificados como herdeiros deste modelo tão antigo quanto eficaz de erigir mitos.
Observemos, por exemplo, os mais festejados blockbusters do cinema em 2017 (Mulher-Maravilha, Logan, Homem-Aranha, Thor Ragnarok, Liga da Justiça, Star Wars Capítulo VIII…) e me diga qual destes não obedece fielmente o modelo de Campbell?
Observe as histórias de IT, a Coisa, Planeta dos macacos: a guerra, Transformers, John Wick, A bela e a fera e Cars 3, cruze com a estrutura do Monomito e me responda: é ou não a mesma estrutura de enredo?
– Então, gostamos ou não da mesma história?
Em breve, também, teremos um dos lançamentos mais esperados, a sequência de Stranger Things. Tem alguma dúvida de que, mesmo com as variantes e desdobramentos, a estrutura será a mesma?
Inclusive séries adultas, das mais sofisticadas e elaboradas, têm por base o modelo da “Jornada do herói”. Basta observar House, Game of Thrones, O demolidor, House of cards, Breaking Bad, Homeland, Vikings… e, olha que estamos falando apenas de 2017. Dá uma olhadinha no retrovisor e faz o mesmo processo!
Você duvida? Então, faz o seguinte: pega aí o resumo da “Jornada” e leva para todos os filmes e séries aos quais você vai assistir. Confere.
É isto que ocorre de mais brilhante nos estudos de Campbell. Ele não só demonstrou o nosso apreço arraigado e ancestral por histórias, mas identificou um padrão presente, praticamente, em todas as mais populares lendas e histórias contadas pela humanidade.
O fato é que nós não só amamos histórias. Nós amamos aquela história.