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A era dos extremos, mais ainda

09 de novembro, 2016 - por Max Franco

Olá, caro leitor, como vai?!

Bom… Se você é um ser humano e mora neste planeta, deve estar preocupado com as possíveis consequências da sísmica e surpreendente eleição de Donald Trump para o emprego mais poderoso do planeta. Eu lhe diria, meu caro, não há razão para alarmismos. Na verdade, acalme-se, porque há apenas motivo para um leve desespero.
A questão é simples, o século XXI é um embuste.
Eu me lembro, falavam do futuro como uma era do esclarecimento. Prometeram-nos que seria o século do respeito mútuo, da tolerância entre raças, gêneros, classes sociais, crenças e torcidas de futebol. O problema é que, enquanto o ideal mora diante de um fiorde num castelo na Noruega, a realidade mora num barraco afundado na lama no Haiti.
O século XXI é pródigo em mostrar como estávamos equivocados em superestimar o futuro.
Os extremismos, os quais se escondiam encabulados nos anos 80 e 90, hoje, não só não tem mais vergonha de se mostrarem como são amplamente aplaudidos em todo o mundo. Le Pen tem coro na França, Matteo Salvini, na Itália, na Áustria, Heinz-Christian Strache, sem mencionar o recente Brexit, na Inglaterra. O mundo parece fugir do caminho do meio e correr para os lados, principalmente o da direita. Talvez, não demore para a corrida virar marcha.
O Brasil da era Temer também tem os seus extremistas, como Bolsonaro, Feliciano e Crivella. A igreja neopentecostal arrasta uma massa (saltitante) cada vez maior para as suas fileiras. E eu pergunto: cadê aquele mundo esclarecido e ponderado que nos prometeram?
O mais grave deste quadro é que não só temos loucos com poder, mas também com plateia e muita plateia. Uma gente cheia de raiva e medo, exatamente os mesmos tijolos que, no passado, amiúde, ergueram muros, trincheiras, bunkers e campos de concentração. O que devemos esperar disso? O apocalipse?!
Pessoalmente, acho realmente que o apocalipse já passou e nós somos os sobreviventes. Porém, só o que posso dizer é que as pessoas de bem, equilibradas, contemporizadoras, deveriam se mexer. Nós deveríamos sair das nossos poltronas confortáveis, enquanto há tempo, e fazer algo, impedindo que os tronos sejam destinados unicamente aos insanos. (Não daria para transformar o mundo no Canadá?! Eu sugiro canadizar o planeta imediatamente, não dá?)
Donald Trump faz um mal antes de qualquer um mal (que fará): ele legitima a intolerância. E isso, decerto, estimulará outros truculentos a se erguerem com a suas clavas das suas cavernas.
O engraçado é que, entre todas as mil análises que acompanhei sobre Trump, a mais positiva é que a única esperança que resta é que ele não aja como ele agiu na campanha. Esperam, portanto, que a imagem que ele criou seja só um personagem erigido para atrair votos. Tudo, como sempre, tem a ver com persuadir as pessoas com uma história. Essa torcida me parece meio ilusória. E o amanhã se apresenta sombrio quando só o que nos resta é torcer para que o homem mais poderoso do mundo não seja quem ele, de fato, é.