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Storytelling e turismo

04 de dezembro, 2017 - por Max Franco

Neste dia 6 de dezembro, estive no congresso Monde Upgrade, em Campinas, conferindo palestra sobre o uso do Storytelling na venda e promoção do Turismo.

Para mim, que sempre fui um apaixonado por viagens e histórias – devo dizer – não foi tarefa das mais difíceis.

Afinal, o maior elemento motivador de uma viagem de turismo é sempre a história.

Ninguém nasce querendo viajar. O ser humano tem necessidade de ócio e de descanso, como demonstra a pirâmide de Maslow, mas não especificamente de turismo. Na verdade, durante dezenas de milhares de anos, o homo sapiens foi coletor-caçador e, por isso, nômade. Só, mais ou menos, há 13 a 15 mil  anos que a raça humana se tornou gregária. Mas, decerto, essa pulsão por se mover, por buscar novas terras, cultivar curiosidade sobre o que há depois da montanha, depois do lago, depois do mar, depois da lua, tudo isso ainda resiste na psique humana. Basta as coisas apertarem, o tédio imperar sobre os dias, a rotina roer a graça do cotidiano para que muitos façam qualquer sacrifício para pegar a estrada, o avião, o trem e a mala.

São muitas histórias que provocam a prática turística. A primeira é exatamente esta: o movimento está gravado no DNA humano. Quando viajamos, estamos respondendo a um apelo ancestral que sussurra nos nossos ouvidos “Vai, parte!” e nos impele a pôr o pé na estrada.

Mas há outras histórias. Histórias que nos são contadas desde pequenos. O mundo da ficção tem grande influência sobre o nosso apreço pelo turismo. Quem nos fez amar Paris muito antes de conhecer Paris? Quem nos fez amar Londres, Roma, Nova Iorque? O cinema, os livros, as séries, em outras palavras, o mundo da ficção.

Quando um sujeito viaja para estes lugares idílicos, ele está atendendo a um pedido do seu departamento de sonhos que, talvez, ele nem sequer tenha consciência de onde ou quando nasceu. Ele nasceu por causa das narrativas que, durante toda a sua vida, ele acompanhou. Isto ocorre porque os locais turísticos são glamurizados por mil histórias e personagens, atores e atrizes célebres, escritores e diretores famosos. É o efeito que o storytelling exerce sobre o turismo.

O cinema e a Literatura são pródigos em produzir fenômenos turísticos. Basta ver o que ocorre com alguns filmes de Woody Allen , que costuma localizar seus filmes em diversas cidades, como fez em Londres (Match Point), Espanha (Vicky Cristina Barcelona), França (Meia Noite em Paris), Itália (Para Roma com amor) e, é claro, Nova Iorque. Todas estas narrativas, obviamente, serviram para posicionar estes lugares na parte de cima das prateleiras da maioria dos sonhos de viagem de muita gente.

Por quê? A resposta é simples: é uma projeção.

Quando vou ao exato local onde supostamente “esteve” o meu personagem predileto é como se eu estivesse vivendo aquele mesmo drama, suspense ou romance.

Ninguém quer uma vida vazia de sentido e árida de experiências. Só que a amarga verdade é que a vida da grande maioria dos cidadãos do mundo não viraria nenhum filme ou livro. A gente até gosta de dizer “A minha vida daria um filme”. Mas, isso é pretensão ou mentira.  Se a vida dessa gente, por acaso,  virasse algum filme, não teria espectadores. Só poltronas vazias as testemunhariam. Por isso, precisamos de histórias fantasiosas. Para que a vida tenha algum tempero.

Este é mais um dos momentos nos quais histórias e viagens estão entrelaçados.

Entretanto, não para por aí. Ainda existem outros.

Há, ainda, outras histórias ficcionais ou pseudo-reais, ou baseadas em fatos reais, como quiser chamar. Há as famosas histórias da viagem do vizinho.

Pode também ser do cunhado, do colega de trabalho, ou do cidadão que você nem conhece mas publicou no blog, gravou vídeo e jogou na rede social. A grama do vizinho é mais verde sim, e pior, o quintal dele cabe a Torre Eiffel e o rio Sena, Montmartre e a place du Tartre, o Louvre e o D’Orsay, os  jardins de Louxembourg e o Des Invalides. E isto mata qualquer um de inveja.

Estou seguro: tire a inveja do coração humano e um dos primeiros resultados será o fim do turismo. Ao menos do turismo em massa. Porque não nos é aceitável que apenas o outro tenha acesso àquela experiência. Ele foi para Praga? Em Praga estarei. E não só em Praga, mas também na Hungria e na Eslovênia. Porque “Você já foi em Budapeste? Não?! Como assim? Budapeste é a cidade mais bonita da Europa! A mais sofisticada, requintada…”

Não podemos desprezar, é claro, as histórias reais. Aquelas encontradas nos livros de história. Estas histórias também nos impulsionam a viajar. Um sujeito aficionado por historias da segunda guerra, certamente, gostará de conhecer as praias da Normandia, onde ocorreram o desembarque dos aliados no fatídico dia D, o 6 de junho de 1943. Eu que sempre gostei dos textos de Oscar Wilde tive que visitar o seu túmulo no cemitério de Père Lachaise, em Paris. Onde também estão Jim Morrisson, Alan Kardec e Chopin. Da mesma forma que fiz questão de conhecer o Louvre, Notre Dame e e café Flore, situado na esquina do bulevar Saint-Germain com a rua Saint-Benoît, no bairro de Saint-Germain-des-Prés, famoso por ser frequentado por Sartre.

São dessas peculiaridades que quero tratar. Quero contar as histórias que provocaram viagens e das viagens que geraram histórias. O turismo é o storytelling que se autoalimenta. São viagens que causam viagens, porque o filho de uma boa história de viagem será sempre outra viagem. E daí por diante.

A relevância de contar histórias como instrumento de marketing se relaciona  com a  influência que as histórias têm na experiência do consumidor e como este as enxerga mediante impressões e emoções. O turista que, além de visitar a cidade e os lugares de interesse patrimonial, vivencia as histórias do lugar, ressignifica o relacionamento com a cidade. O viajante, imbuído destes relatos, acaba transportando as histórias fictícias e reais, além das próprias vividas neste logradouro, para diversas plataformas (transmídia), permitindo um maior envolvimento emocional e, consequentemente, divulgando o destino com acréscimo de valor. É o boca a boca impulsionado pelas internet. O turista se torna uma instrumento de propaganda ao partilhar imagens, comentários e histórias pessoais nas redes sociais.

Na verdade, preciso confessar: quero falar é de mim. Afinal, desde que me entendo por gente, sou um consumidor de histórias e de viagens. Sou um viajante-storyteller do mesmo jeito que meu ancestral foi um caçador-coletor. Talvez, porque esse dia a dia institucionalizado, burocrático, comedido e medido sempre me entediou sobremaneira. Por isso, sempre busquei a evasão e a mochila, as histórias e as estradas. Se possível, todas ao mesmo tempo.

Viagens de incentivo são aquelas patrocinadas por empresas que desejam premiar colaboradores e/ou parceiros ao término de um ciclo. São prêmios concedidos como recompensa por metas batidas ou por sucesso em campanhas.
A Griffe de viagens, agência de turismo de campinas, é especialista em montar essa modalidade de viagens, com vasta experiência em território nacional, Estados Unidos, Europa e até em outras latitudes do planeta.