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Inoveducando

15 de setembro, 2019 - por Max Franco

Enquanto há vida, há aprendizado.

Eu – particularmente – pretendo aprender até o derradeiro dia.

E se der, quero compartilhar esse aprendizado.

Para isso, ando para cá e para lá o tempo inteiro. Para isso, estava ontem em Fortaleza, anteontem no Rio Grande do Norte e hoje escrevo essas toscas linhas no starbucks de Viracopos, em Campinas.

Para isso, escrevo artigos, crônicas, contos e livros. Para isso, esse blog, as redes sociais, o bilhete largado na mesa.

Para isso, ministro mil aulas, palestras e treinamentos.

Minha filha diz que para “isso” respiro e existo.

Para ensinar? Talvez mais para aprender…

Pois hoje foi dia de aprender. Hoje participei do 3o Congresso Brasileiro de Tendências e Inovação em Educação. Minha função era a de apresentar um painel ao lado da Professora Débora Corigliano, mas, na verdade, existia um objetivo velado: conhecer o tal criador da famosa Escola da Ponte, em Portugal, uma das maiores referências em escolas disruptivas em todo o mundo.

Por fortuna, ambas as intenções foram contempladas. Afinal, por algumas horas compartilhei com o experiente professor José Pacheco não só de um bom almoço, uma tacinha inocente de vinho tinto, mas também de algumas horas dos melhores papos sobre Educação que já tive na vida.

Infelizmente, não tenho aqui a pretensão de detalhar como foi essa longa conversa repleta de interrogações (minhas) e de exclamações (dele). Mas apenas demonstrar como há sempre o que se aprender quando se está vivo e, principalmente, quando estamos abertos para o novo, sem preconceitos e com genuína curiosidade.

Devo dizer que Pacheco está com os seus 70 anos, mas, à mesa, era eu que sempre me sentia mais velho, retrógrado, atrasado, tradicional, conservador e todos os demais sinônimos para ultrapassado.

O educador lusitano quer uma educação renovada, disruptiva, engajada, libertária, e todos os demais sinônimos para inovadora.

Para Pacheco, a Educação deve sempre rimar com vida. Deve sempre estar a serviço da vida. Nada que não seja aplicável deveria ser trazido para aula. A verdade é que – para ele – não deveria nem sequer haver o que chamamos de aula.

O paradigma não é o da instrução, mas o da Comunicação. O Centro da prática não deve ser o tal “conteúdo” nem o professor, mas também não deveria ser o aluno e, sim, a Comunicação entre ambos. É sempre dialético e dinâmico.

Para Pacheco, estamos todos (ou quase todos) equivocados (e muito!). Até aqueles que dizem que fazem uma educação inovadora inspirada nas metodologias ativas ou recheada de tecnologias. A pergunta que deveríamos fazer a todos os estudantes é: o que você quer ser? Não no futuro, mas agora! Então, o professor deve ser o tutor, o mentor desse aluno para que ele aprenda o que ele precisa aprender para ser o que deseja ser. E se o professor não souber? Ele aprende junto. Ele aprende com.

O que achou? Louco? Impossível? Impraticável? Imponderável?

Eu também achei da mesma forma. Mas amei. Amei as ideias loucas, meio anárquicas. Mas amei mais ainda como ele, depois de anos, de tantos anos e de tantas experiências, ainda treme, lacrimeja e vibra quando fala dos seus sonhos. Pacheco é mais que um devotado à causa, é um abnegado.

E tantas e tantas histórias o sujeito contou para ilustrar essas ideias. Tantas histórias tão verdadeiras que só podem ter ocorrido. Porque a verdade está na humanidade das histórias. Eu gosto de histórias, não sei se já deu para notar.

Pacheco é um visionário. É meio doido, utópico, desajustado. Mas é inspirador. É algo tão inspirador que dá vontade de chorar. Foi o que lhe disse. “Dá vontade de chorar!”

E de trabalhar.

Foi um dia daqueles que me lembrarei por muitos dias.

Dizem que sonhos sonhados juntos têm a força de se tornarem realidade.

Pois acordarei para sonhar esse sonho.